08 outubro, 2010

04 junho, 2010

06 setembro, 2008



"that night" de jazzanova com clara hill, a partir do original de viktor duplaix, banda sonora original de "belle&fou", editado por sonar kolektiv em setembro de 2006.

16 abril, 2008

E então? Razões de um epitáfio.




Muitas coisas existem cuja razão não compreendemos. Relativamente a elas, expressamos o nosso entusiasmo, o nosso gosto, a imperiosa necessidade de que se façam presentes e muitas vezes – senão na sua maioria – desconhecemos a razão para tanto, o porquê do seu vício e nossa dependência.

Desconheço todas as razões pelas quais gosto de jazz. Algumas seguramente prendem-se com a sua cadência rítmica, a sua envolvência sincopada, a forma como a sua harmonia muitas vezes se expande de um modo sofisticado e cosmopolita, outras vezes, como tudo se reduz à efervescência e à simplicidade pura do swing.

Contudo, uma razão sei pela qual gosto de jazz: o facto de, enquanto conceito musical, permitir um momento de criação e de expressão, que respeita apenas e exclusivamente ao indivíduo enquanto músico. Esse mesmo momento de individualismo musical, de manifestação de sentimento ou sensibilidade, acontece invariavelmente no “solo”, no improviso do instrumentista, apesar de o mesmo dever ocorrer sem que, em momento algum, se perca a noção de interactividade com os restantes músicos que suportam a criação. E em toda esta dialéctica artística há muito de cerebral, mas simultaneamente, ardor e um empenho da paixão.

Exemplo claro disso é “So What” com o quinteto de Miles Davis.

Aquilo que o blog aperguntacircular na sua raiz pretenderia ser, era algo de jazzístico no sentido que vem de ser definido. A expressão individual, a criação dentro de um colectivo. O improviso a partir de um tema previamente definido: a mediação de conflitos. E tal como em “So What”, tudo começou serenamente com a exposição do tema, o seu propósito, ganhando posteriormente corpo e embalo para que a expressão individual do “solo”, os improvisos que procuravam explorar de um modo individual ideias, conceitos, “harmonias” que haviam sido trazidas pelo conjunto de que se fez parte, pudessem acontecer, como aconteceram. Durante este ano, alguns solos de aperguntacircular, pareceram-me relativamente bem conseguidos, outros nem por isso, mas o importante é que no todo, resulte um equilíbrio, uma certa consistência.

Miles Davis, dizia que o mais importante da música eram os seus silêncios, aquilo que musicalmente se designa por pausas. E de todos os silêncios e pausas que podem acontecer num solo, ou improviso, o mais importante deles, é o de saber quando “sair”, quando parar, saber quando introduzir a pausa definitiva, depois do eventual brilhantismo harmónico e da paixão solista.

E é isso que aqui se anuncia, a pausa definitiva, o suprimir dos sons. Por aqui, não existirão mais variações rítmicas ou melódicas a partir de um tema previamente introduzido, a mediação de conflitos. Não serão acrescentadas mais colcheias, ou semi-colcheias individualizadas a algo tão vasto, pois é tempo de perceber a necessidade do silêncio, da pausa, sob pena de fazer destoar e desequilibrar o conjunto. Estas as razões fundamentais, para o presente epitáfio: importa não escabrunhar o que se fez, ainda que isso possa não ter importância nenhuma!

E assim, depois de introduzido o tema, feitas as variações solísticas como base na sua percepção individualizada, eis que tudo converge para um progressivo abandono do conjunto, o sair de cena e o acumular dos silêncios, dos sucessivos intervenientes, até que deles resta um, Paul Chambers, no contrabaixo, que serenamente num arpejo, nos diz o fim.

O tempo é de guardar estes, para semear novos improvisos…



"So What" de Miles Davis, pelo quinteto de Miles Davis, gravado ao vivo em Abril de 1959. Miles Davis (T), John Coltrane (TSx), Paul Chambers (B) Jimmy Cobb (BT) e Wynton Kelly (P).

11 abril, 2008

aperguntacircular wekend lounge



"stolen moments" de oliver nelson, com oliver nelson (sax tenor) eric dolphy (sax alto e flauta), george barrow (sax barítono) bill evans (p), roy haines (bt), freddie hubard (t), paul chambers (b), do álbum "the blues and the abstract truth" editado por impulse records em fevereiro de 1961.

Bom fim-de-semana!

07 abril, 2008

a mediação impossível




jet li vs. donnie yen

"Hero" de zhang yimou, Beijing New Picture Film Co., Outubro de 2002.

the poisoned mondays antidote



"Cosmic Girl" Jamiroquai do álbum "travelling whithout moving" editado por Epic Records em Maio de 1996.

04 abril, 2008

aperguntacircular weekend lounge



"blue in green" de Miles Davis, do álbum "Kind of Blue" editado em Agosto de 1959 por Columbia Records. Miles Davis (tp), Bill Evans (p), Paul Chambers (b), Jimmy Cobb (bt), John Coltrane (sax).

Bom fim-de-semana!

02 abril, 2008

agnus dei?





1. O exercício não é fácil e uma vez mais, circunscreve-se a uma simples abstracção. Parte da ideia que vem sendo sucessivamente aqui promovida, de que o futuro importa um pouco mais da nossa substância individual e sobretudo, dos julgamentos e juízos de que a grande maioria é capaz, das referências morais e de valores que as sustentam, sejam elas quais sejam, isto por contraposição ao abandono do exercício de tais faculdades , em favor do Estado.

2. Parte-se de uma constatação histórica: a de que o Estado, quando ausente ou incapaz de ser expressão e concretização de opções morais aceites como justas, pela maioria dos indivíduos que o compõem, passa a ser ele mesmo veículo da arbitrariedade. Constatações históricas de tais circunstâncias abundam e não vale a pena aqui nomeá-las. Em todas, sem particular excepção, o totalitarismo e a opressão acontece porque num dado momento, por inércia ou coacção, os indivíduos deixaram de ter mão e de poder conformar o que deve ser a actuação do Estado nas suas diferentes vertentes, e esta – fruto de um estreitamento de fundamentos e objectivos – autonomizou-se relativamente a eles (indivíduos), passando a impor sem qualquer espécie de tolerância, um quadro irrestrito de opções e de condicionamentos comportamentais, que não admite senão a submissão. Nessas circunstâncias, o Estado abdica do indivíduo a favor dele próprio e da sobrevivência de tudo aquilo em que se desdobra.

3. Por isso, toda a sociedade Justa deve ser, no sentido que vem de ser exposto, uma sociedade individualizada, uma comunidade política capaz de dar expressão a sentimentos ou juízos de valor individualmente referenciados e que um tal espaço, ou momento de valoração, lhe seja orgânico, ou seja, torna-se necessário que tais momentos valorativos e individuais sejam prática banalizada ou relativamente comum da vida em sociedade. De algum modo, esta será tanto mais evoluída politicamente, economicamente ou culturalmente, quanto mais espaço propiciar àquela expressão individual e mais habituada esteja, ao seu posterior desenvolvimento institucionalizado.

4. E em que medida todas estas considerações sobre a relação Indivíduo vs. Estado cabem na MEDIAÇÃO de CONFLITOS? Cabem inteiramente. O apelo que faz a mediação aos nossos julgamentos e equilíbrios, à ponderação e à construção de soluções individualizadas e o dispositivo dialéctico e polarizado a partir do qual, soluções de consciência são expressas e materializadas, remete-nos precisamente para aquela necessidade referida no ponto anterior, que qualquer sociedade justa, deve reconhecer e permitir determinações, projecções, assentes exclusivamente em valores e juízos particulares.

5. Ora atenta esta estrutura e este campo aberto de individualismo e de consciência autonomizada, que naturalmente decorre da MEDIAÇÃO DE CONFLITOS, sempre se estranhou o facto de haver sido o Estado quem assumiu, incrementou e presentemente domina, os mecanismos através dos quais aquela MEDIAÇÃO é exercida. De onde se torna manifesto que o Estado, sendo uma babilónia saliente, não pretende largar mão da uniformidade e do monolitismo com que reveste todas aquelas decisões que concretizam uma das suas atribuições fundamentais: o exercício da Justiça.

6. Assim evidente se torna, que o domínio presentemente exercido pelo Estado nesse campo aberto de individualismo que é a mediação, não pode senão significar uma vigilância interessada, no sentido de monotorizar ou mesmo impedir que a Justiça aconteça e possa resultar também, de referências íntimas e de consciência assentes em valores e em enquadramentos morais, que não ganham expressão visível na Lei e suas normas.

7. Daqui poderíamos especular se servem aos propósitos da Mediação e à particular forma em que se desenvolve – enquanto forma de realização de justiça – enquadramentos morais, juízos, valores, que possuem uma dimensão que se encontra além das projecções legais e normativas estatalmente emanadas e que se podem inscrever na intimidade de cada um, naquilo que são as suas convicções profundas e na particular e única mundividência que cada um assume, perante o mundo e os outros: será reconduzível e enquadrável uma particular decisão obtida em sessão de mediação, à humilde substância de um salmo como “Agnus Dei, qui tollis peccata mundi, miserere nobis”*, ou poderá ser tal decisão pertinente à proclamação racionalista de Kant “Cumpre o teu dever incondicionalmente. Age sempre de tal maneira que a máxima da tua acção possa ser erigida em lei universal”? A psicologia pode de igual modo traduzir e explicar noutra vertente resoluções que aconteçam no âmbito da Mediação e todo um mundo de possibilidades se abriria. Contudo e para já, tal surge demasiadamente complicado para ser por aqui desenvolvido.

* “Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo, tende piedade de nós.”

8. Concluí-se por fim do seguinte modo: de que sempre devemos ter plena consciência das possibilidades que nos estão individualmente abertas e perceber as razões que se escondem nos protagonistas, que assumem perante nós uma diferente natureza e que pretendem connosco disputar o nosso individualismo. Importa sobretudo saber, ou ter a consciência que "cordeiro" pretendemos ser: se aquele de Deus, ou aquele do Estado. Disso resultará mais claro, o empenho ou os sacrifícios que cada um de nós está disposto a protagonizar...


Missa em Si menor BWV 232 de Johann Sebastian Bach, “Agnus Dei”, magnificamente interpretado por Andreas Scholl, contralto, com o Coro Collegium Vocale Gent, sob a direcção de Philippe Herreweghe, em edição discográfica da harmonia mundi s.a. que recomendo em absoluto.

31 março, 2008

the poisoned mondays antidote



"so easy" - röyksopp, do álbum "melody a.m." editado por wall fo sound em dezembro de 2001 (video não oficial).

28 março, 2008

thank God it´s friday




atlanta, georgia, usa

O desconforto corporal despertou-me. Zeloso das condições necessárias aos despertares optimistas, o sono aborrecera-se com aquela luminescência que entretanto se assanhara pelo quarto, perturbando o crescer amordaçado das suas sombras: um reflexo circunspecto na moldura das memórias, o crepúsculo subindo o vinco desconforme das roupas, o silêncio fundo e desenhado dos móveis, antes que tal quietude desarrumada, exposta, sucumbisse por completo, por volta das oito e um quarto sobre o inevitável frenesim citadino. Fora na exacta expectativa dessa normalidade cronológica, que me havia deitado, exausto, sete horas antes.
Quando o meu corpo se sacudiu naquele aborrecimento incómodo, acordando-me – e para muitos, incluindo eu mesmo, isso nunca acontece no exacto momento em que abrimos os olhos – a luz transpirava ofegante das paredes. Efectivamente, algo diverso acontecia no amanhecer do quarto.... Eram sete horas e uma quantidade imprecisa de minutos mais e na manhã persistia ainda pura, a fresca e inocente dureza dos frutos – aquela que a gosto se arranca com os dentes – a que contudo correspondia uma luminosidade difícil, uma incandescência vigorosa, própria já do meio do dia e que a fisiologia do meu corpo, num estremecer, em absoluto rejeitara.
Em Atlanta, cidade de uns quantos milhões, que se estende e se multiplica visível pelo interior de reflexos e espelhos, pusera-se uma manhã temporalmente diversa, desencontrada, sem que coisa alguma se agitasse pelas ruas... A metrópole extensa, quase infinita, acontecia suspensa de si mesma, banhada de luz…
Assentei-me nos pés, aproximando-me da claridade que brilhava intensa junto à janela do quarto e marquei no vidro, a palma da mão. Do meu trigésimo quinto andar, no extremo sul do Georgia Institute of Technology, onde convergiam a Spring Street e o segmento nascente da North Avenue, percebia bem a esquadria apertada das ruas e os quarteirões a norte do Centennial Olympic Park, que partem da Alexander Street, tendo por limite no seu estremo nascente, o Hardy Ivy Park e a Peachtree Street. É por ali que se arremessam ao início do dia, executivos e quadros técnicos saídos da ligação alcatroada ao subúrbio, às vivendas afogadas em folha caduca e erigidas em lugares bem mais pacíficos e chilreantes. É sempre por aí que se semeia e alastra a efervescência dedicada dos seus dias, o seu fervor e empenho empresarial, que posterior e inexoravelmente, alavanca toda a cidade.
Hoje, porém, a estas horas e por aquelas paragens, em tudo penetrava a ausência e a paralisia. Nada nem ninguém constrangia outrem, ninguém dificultava ou obstruía. As ruas permaneciam ruas, sublinhadas na sua fisionomia rectilínea pelo bordejamento fresco dos plátanos, nuas das coisas e de pessoas, nelas alvoraçando apenas os pássaros, résteas pulsantes de uma natureza já de si exígua, em voos tão imprecisos quanto estúpidos, para entretenimento solitário da Primavera…
E fora talvez acreditando no meu próprio espanto, nesse crescer incrédulo de se tornar suspenso o magma de que depende o nome cidade – ou simplesmente porque era ainda mais intenso aquele crescer da luz – que melódicamente recordei as palavras de Scott Weilland, escrevendo “Atlanta”,

“She lives by the wall,
and waits at the door,
She walks in the sun, to me “.

Perguntei-me se partilhando amantes, enganando gordurosos maridos, espancadas as mulheres ou futilmente maquilhando-se de jóias, toda a carne e todo o metal - sobre o qual se ergue a circunstância contemporânea dita Atlanta - se havia nessa manhã prostrado e comovido, fulminada de uma atroz pequenez, na esperança que um bem-dito milagre surgisse daquele inaguardado ímpeto de luz, expiando-nos das mentiras que nos trazem tão pesada, a breve existência.
Dera-se a cidade conta da frágil contingência do aglomerado que nela existe? Dera-se ela conta do mal e do bem, da força e da doença, do fogo, da água, dos velhos e novos, dos perfeitos e do estropiamento dos rejeitados? Constatara numa súbita atenção, a profunda sabedoria de uns e a repugnante ignorância de todos os outros? Dera-se conta da ambição e da cobiça, do choro, do riso, da dor ou júblilo ou do despojamento, que não somos já capazes de suportar? E por entre esse demasiado lixo e a persistente pouca virtude, dera-se enfim conta daquela trémula justaposição de almas, que convergindo no ínfimo de seus corações, jurava no medo e na fúria, um amor eterno, quando tudo o que acima delas avança é agressivo e pontiagudo?
A minha mão ficara marcada onde antes observava uma natureza morta. Esperei que da moldura desse instalado silêncio surgisse, no pormenor, um arrependimento. Esperei... mas a espera era a esperança descrente em si mesma. Ao longe, adensava-se por fim o retomar um tanto ou quanto tardio da normalidade, a voragem irreversível de todas as coisas que nos prendem e nos tornam, pela maior parte do tempo, entidades invisíveis a nós mesmos.
Os pássaros, assustados, fugiram.
Melhor era que no banho me visse livre desta difícil persistência do sonho. Em Atlanta, já nada existe por quem valha a pena o interesse de um gesto, um quadrado puro no coração, pois nada se sobressalta ou se angustia pela ausência, pela interminável duração do dia, antes que o beijo do reencontro por inteiro nos restabeleça. Há quem se queira ou se ame? Há quem simplesmente espere e lhe cause dor o insuportável largar da mão, por todo um resto de dia?
Esfreguei pelo corpo a higiene perfumada de uma barra de sabão, a espuma da barba no contorno do rosto, apaziguei a ardência da gilette com bálsamo hidratante e reparador, vesti-me de Armani e um pouco mais lentamente do que costuma ser habitual, saí... Que nos fulmine a luz e se anuncie aos que persistem amando, que em breve, todos estarão ameaçados de extinção….

Julian Böhm

"Atlanta" por stone temple pilots, do álbum "number four" editado por geffen records em agosto de 1999.

27 março, 2008

a mediação impossível


stuntman mike vs. pam

Death Proof, de Quentin Tarantino, troublemaker studios, Julho de 2007

24 março, 2008

e assim foi no princípio!



Por paradoxal que tal nos possa parecer, os duelos são coisas que por vezes se eternizam, ainda que algum dos seus protagonistas, em dado momento, se ache prostrado na terra , mortalmente fulminado. Por graça e génio de sergio leone, a eternidade cinéfila persiste no caso do duelo de morte entre lee van cleef e gian maria volonté, arbitrado por clint eastwood cena de "por um punhado de dolares mais" e que serviu de inspiração ao primeiro post deste blog, exactamente há um ano atrás, inaugurando-se a partir dele, toda a sequência que por aqui se vai mantendo viva ou já arquivada.

Ainda que seja gian maria volonté aquele que mais ficou a perder e aquele que prostrado e sujo de poeira, pelo resultado que sobre si se produziu, definitivamente encerraria o duelo em que arriscou, o que é certo é que o combate se acha eternizado na memória dos vivos, apesar do funesto resultado a que, necessariamente, conduziu.

Ora, um ano depois, diria que o blog aperguntacircular, nem é vencido nem vencedor e por isso não tomará partido por van cleef, nem por volonté. Diria que tal como o verdadeiro mediador, o blog continua e continuará como se fosse a personagem de clint eastwood, segurando um relógio com caixa de música, propiciando um justo enfrentamento, aguardando que um resultado se produza. E ainda que possamos manifestar simpatias por este ou aquele, o certo é que, mais tarde ou mais cedo, um disparo deflagrará e alguém no fim dele se achará vencedor e vencido.

Por agora e um ano depois, independentemente de revólveres e dos balázios, torna-se evidente que todas as felicitações serão bem vindas!

Obrigado.

20 março, 2008

aperguntacircular weekend lounge



"useless" - remistura por kruder & dorfmeister de original dos depeche mode, do álbum "dj kicks" editado por !K7 em junho de 1996.

Bom fim-de-semana! Boa Páscoa!

18 março, 2008

renegados?




Alguém me disse uma vez, que as boas respostas aos problemas, surgiriam sempre do lado oposto aonde as mesmas eram procuradas. E foi de algum modo essa visão e esse conselho que me trouxe o entusiasmo para a problemática da mediação: num exercício concreto daquele adágio gratuitamente oferecido – coisa rara! – a resposta para muitos dos problemas do sistema judicial, não estava no sistema judicial (e na míriade de soluções que a partir dele se desenham) estaria antes num modo alternativo de abordar as suas implicações e problemáticas, cuja essência não estaria dependente de uma estrutura mediatizada e administrativamente hierarquizada, estaria antes dependente do indivíduo, enquanto ser capaz de julgamento e de equilíbrio. O contraste assim alcançado e a que aquele adágio não é de todo estranho, não poderia ser mais eloquente… É daqui que surge e se vai mantendo aquele entusiasmo mediador.

Agora dá-se um simples exercício masoquista: e se o entusiasmo (ou mesmo a algazarra!) posta na mediação e na resolução alternativa de conflitos – que continua por aqui a ser manifestado – fosse o problema e as respostas necessárias e viáveis, houvessem de ser encontradas nos antípodas daquele nosso entusiasmo, aonde muito pouca gente ainda estaria? De quem seria todo este tempo? Quem seríamos nós? Os da alternativa renegada?

O exercício é hipotético e superficial, mas evidencia o facto de as soluções - quaisquer que elas sejam - nunca serem uma coisa simples... Por isso,

Say jam sucka jam!
Say jam sucka jam!
Say groove sucka groove
Now groove sucka groove
Say dance sucka dance
Say dance sucka dance
Say move sucka move
Now move sucka move
We're the renegades of funk

“Renagades of Funk” versão de Rage Against the Machine a partir de original dos Afrika Bambaataa, do álbum “Renagades” editado por Epic Music em Dezembro de 2000.