06 setembro, 2007

Are You Gonna Go My Way ?

Antes, toda a natureza era explicada como o concurso de forças e de poderes a quem o homem se submetia e idolatrava. O homem como centro do universo, como ente a partir do qual as coisas passariam a ser explicadas pelo uso da Razão (ainda que muitas vezes hoje nos perguntemos, aonde ele anda) veio mais tarde, muito mais tarde. E antes que tal viesse a acontecer (antes de o homem perceber a sua capacidade de domínio dos elementos) toda a renovação de ciclos, todo o seu início e fim era acompanhado de ritos e de oferendas, de celebrações, que eram simultaneamente sinais de esperança e de respeito perante aquilo que não se compreendia, mas que invariavelmente se regenerava.

Deve ser ainda uma reminiscência desse homem primitivo, toda esta parafernalia de discursos, declarações e tomadas públicas de posição que sempre assistimos aquando do reinício de cada ano judicial. Esse é, para o mundo judiciário, o ritual do mês de Setembro, ainda que, julgo eu, sem a esperança de regeneração e a celebração que haveria de lhe ser comum.

O curioso de tudo é verificar a cada Setembro, a cada reinício de ano judicial e a cada discurso/declaração de intenções, como tudo soa a estafado, desancado, de como muita pouca esperança subsiste no sistema e como, estando as coisas há já demasiado tempo nesses termos, urge a necessidade de criar alternativas e de as forjar desde logo, com pés e cabeça, para que o que antes poderia ser um factor importante na solução dos problemas da justiça, não se torne também uma sua parte. A Mediação e a disseminação do seu modo de abordagem, a simplificação que traz no seu método de resolução de conflitos, pode sem dúvida ser um factor primordial para que os agentes da Justiça possam de novo regressar á esperança, a cada renovação de ciclo, havendo depois motivos para o celebrar. A questão que se coloca é pois saber, se todos querem percorrer esse caminho… E então? Are you gonna go my way? É preciso saber…

Sem comentários: